terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Omeletes sem ovos


  Amigos, estou farto de viver em crise. Vivo em crise desde que nasci e desde que nasci que me habituei a ouvir as culpas voarem das mãos de uns para os outros. Somos incapazes de perceber que a crise não é somente culpa dos políticos, dos banqueiros e dos empresários. A culpa é de todo um sistema que se anda a colapsar e que tem como intervenientes todos nós. Vivemos num mercado liberal, com muito pouca supervisão, vivemos num estado em que quem quer fugir aos impostos só tem de colocar todo o seu dinheiro numa conta off-shore. Vivemos num mundo onde os ricos se camuflam e os de classe média pagam as contas. Estamos perante um descalabro e precipitamo-nos para um futuro onde a classe média parece não subsistir. Vão sobrar ricos e pobres. Precisamos de um sistema novo? Claramente. Mas até lá irão surgir revoluções e contra-revoluções a tentar passar gato por lebre. Isto é, a tentar usar ideologias extremistas e antigas, por novas e necessárias. É errado viver num mundo onde o futuro acaba em 2013 (e não, não tem nada que ver com a profecia dos Maias). O mundo acaba porque se esgotou e consumiu a si mesmo. Culpamos os políticos, mas no entanto nós também vivemos acima das nossas posses. Será somente para comprar comida que nos sobre-endividamos? As empresas de crédito estão de boa saúde e recomendam-se, a nossa divida privada é mais alta que a dívida pública. Lá está, nós vivemos acima das nossas posses, ou vivíamos…
  O desemprego aumenta dramaticamente, em especial para os jovens licenciados. Numa altura em que a troika nos impõe reformas estruturais (que já estavam prometidas à anos), é engraçado perceber que uma das razões para o desemprego dos licenciados é o facto de existirem demasiadas vagas em cursos que, sabemos de antemão, não precisam de tantos profissionais. Caímos na era do facilitismo em que ajudamos os alunos maus a ter um curso e não nos preocupamos que esses podem mais tarde vir a lutar pelos mesmos postos de trabalho que os bons. Que me interessa ser fácil ter um curso, quando um papel não me serve para nada. Seria mais vantajosos, tanto a nível económico como social, reduzir as vagas em cursos sobrelotados. Psicologia, enfermagem, direito, história, filosofia… Todos os anos saem mais licenciados do que são necessários. Para quê? Para as estatísticas? Por outro lado cursos como medicina e outros continuam com médias altíssimas de entrada, que a avaliar pelo número de casos que todos os anos assistimos de negligência médica, não é significado de futuros bons profissionais. Aumentar vagas em cursos em que há falta, e reduzir aqueles em que já há demais. Ao mesmo tempo nota-se uma desigualdade profunda em termos de repartição do dinheiro que chega às Universidades. As bolsas não são distribuídas em conformidade, não há monotorização depois de receber a bolsa e continuamos a deixar que as faculdades dêem mais prejuízo.
   Enfim, teria muito por onde falar. Como solução imediata proponho que o Benfica seja campeão e Portugal Ganhe o Euro (assim o país deixa de estar em crise durante uns tempos).
I`ll smell you all later