Amigos, estou farto de viver em crise. Vivo em crise desde
que nasci e desde que nasci que me habituei a ouvir as culpas voarem das mãos
de uns para os outros. Somos incapazes de perceber que a crise não é somente
culpa dos políticos, dos banqueiros e dos empresários. A culpa é de todo um
sistema que se anda a colapsar e que tem como intervenientes todos nós. Vivemos
num mercado liberal, com muito pouca supervisão, vivemos num estado em que quem
quer fugir aos impostos só tem de colocar todo o seu dinheiro numa conta
off-shore. Vivemos num mundo onde os ricos se camuflam e os de classe média
pagam as contas. Estamos perante um descalabro e precipitamo-nos para um futuro
onde a classe média parece não subsistir. Vão sobrar ricos e pobres. Precisamos
de um sistema novo? Claramente. Mas até lá irão surgir revoluções e
contra-revoluções a tentar passar gato por lebre. Isto é, a tentar usar
ideologias extremistas e antigas, por novas e necessárias. É errado viver num
mundo onde o futuro acaba em 2013 (e não, não tem nada que ver com a profecia
dos Maias). O mundo acaba porque se esgotou e consumiu a si mesmo. Culpamos os políticos,
mas no entanto nós também vivemos acima das nossas posses. Será somente para
comprar comida que nos sobre-endividamos? As empresas de crédito estão de boa saúde
e recomendam-se, a nossa divida privada é mais alta que a dívida pública. Lá
está, nós vivemos acima das nossas posses, ou vivíamos…
O desemprego aumenta dramaticamente, em especial para os
jovens licenciados. Numa altura em que a troika nos impõe reformas estruturais
(que já estavam prometidas à anos), é engraçado perceber que uma das razões
para o desemprego dos licenciados é o facto de existirem demasiadas vagas em
cursos que, sabemos de antemão, não precisam de tantos profissionais. Caímos na
era do facilitismo em que ajudamos os alunos maus a ter um curso e não nos
preocupamos que esses podem mais tarde vir a lutar pelos mesmos postos de trabalho
que os bons. Que me interessa ser fácil ter um curso, quando um papel não me
serve para nada. Seria mais vantajosos, tanto a nível económico como social,
reduzir as vagas em cursos sobrelotados. Psicologia, enfermagem, direito,
história, filosofia… Todos os anos saem mais licenciados do que são
necessários. Para quê? Para as estatísticas? Por outro lado cursos como
medicina e outros continuam com médias altíssimas de entrada, que a avaliar
pelo número de casos que todos os anos assistimos de negligência médica, não é
significado de futuros bons profissionais. Aumentar vagas em cursos em que há
falta, e reduzir aqueles em que já há demais. Ao mesmo tempo nota-se uma
desigualdade profunda em termos de repartição do dinheiro que chega às
Universidades. As bolsas não são distribuídas em conformidade, não há
monotorização depois de receber a bolsa e continuamos a deixar que as
faculdades dêem mais prejuízo.
Enfim, teria muito por onde falar. Como solução imediata
proponho que o Benfica seja campeão e Portugal Ganhe o Euro (assim o país deixa
de estar em crise durante uns tempos).
I`ll smell
you all later