sexta-feira, 19 de julho de 2013

Vamos melhorar a economia, baixar os impostos e proibir o desemprego

“O sucesso para o país é melhorar a economia”. Ora, o sucesso para mim é o aumento da minha conta bancária. Estas premissas têm o facto de serem efectivamente verdade, mas vazias em termos de conteúdo. Dinheiro gera dinheiro, e falta de dinheiro gera a minha conta bancária. Não há soluções milagrosas. “Aumentar ordenados e pensões, melhorar a economia, pedir para alargar o prazo de pagamento dos empréstimos.”. Pois, eu amanhã chego ao banco e digo assim “Queria dinheiro para um carro e para a gasolina, como garantia de pagamento dou a minha bicicleta e durmo com a gerente alemã feia do banco. Parece fácil, mas altamente improvável. Quando somos formigas, por mais fortes que sejamos, não conseguimos matar um porco. Quem manda dispões e hoje em dia pouco mandamos.
Entretanto, chegam as campanhas eleitorais (que novamente começam com um ano de antecedência). Esta é a época em que os partidos se financiam para lançar pós de fada aos eleitores e para tapar buracos com fita-cola. É a época em que parece que a classe política vive num país diferente da outra classe, é a altura dos clichés, “Vamos juntos dar um novo rumo ao país”. Novo rumo? Marcha atrás ou andar em contra-mão?
Ninguém se esforça em ver para trás do floreado da retórica e a retórica não se preocupa em falar de forma clara ao povo. A desvantagem de sermos nativos de uma das linguas mais ricas do mundo, é que é também aquela com maior possibilidade de eufemismos. Vou tentar fazer a tradução de algumas expressões (seria importante que durante as campanhas eleitorais, houvesse legendagem na televisão).
“Vivemos numa época de dificuldades, mas juntos vamos conseguir” = Estamos na merda, mas com o aumento dos impostos, e a criação de outros tantos novos, vamos tentar pagar o que devemos.
“Precisamos de um novo rumo” = Não mandamos em Portugal e para cumprir as metas temos de fazer as mesmas coisas, mas vai ser surpresa.
“Temos de melhorar a economia e acabar com a austeridade” = Tenho mais 5 minutos de discurso, tenho de utilizar frases feitas que colem.
Enfim. Segundo Miguel esteves Cardoso, “O amor é fodido”, pois ser português também.

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domingo, 14 de julho de 2013

Fanny para capa da playboy

Um ministro das finanças sai, um ministro dos negócios estrangeiros decide demitir-se de forma irrevogável, para no dia seguinte ser nomeado vice-primeiro-ministro. O presidente da república decide tirar a confiança que tinha no governo e coloca os partidos à mesa para arranjar uma solução tripartidária de salvação nacional. A Fanny saiu do big brother. Eu apanho um escaldão. Todas estas notícias causam preocupação geral, desde o senhor da mercearia até ao molestador de objectos de porcelana, sem nunca esquecer os amantes de salsicha que tomavam a Fanny como a sua heroína, pela semelhança com os enchidos (principalmente quando usa leggins). Num país onde domingo à noite temos de decidir entre um programa onde pessoas dedicam chapões na água, à avozinha que já não está entre nós, e um programa onde “famosos” se fecham numa casa, algo vai mal.

Hoje vivemos uma crise política enorme, onde o desemprego sobe a pique, o poder de compra baixa e onde vai haver uma nova edição da casa dos segredos. A falta de bom senso e de noção, aliada a uma crise sem precedentes, é o pior que podia acontecer ao nosso país. As pessoas refugiam-se em frases feitas (“São todos iguais”, “Pior não fica”) e alheiam-se da realidade.
Isto pode sempre ficar pior. Enquanto cá em baixo não participemos nas decisões e nos alienemos da realidade e lá em cima, ninguém pensar a longo prazo e somente até às próximas eleições, assim estamos condenados. A crise social e económica torna-se crise de valores e assim é difícil continuar.

Para começar a melhorar era importante ensinar ao Paulinho das feiras que Irrevogável tem uma definição diferente daquilo que ele pensa. Aliás, um dicionário a toda à classe política era uma medida que se impunha.

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