terça-feira, 30 de outubro de 2012

Profissões em risco



Vivemos numa altura em que a greve parece ter pegado moda. Todas as pessoas de (quase) todas as profissões saem à rua para reivindicar os seus direitos. Aparentemente todas têm razão de queixa, desde médicos a camionistas, passando por taxistas e farmacêuticos.
Porém, irrita-me ver profissões a serem secundarizadas. Se há profissão que ao longo dos anos tem sofrido estigmas e tem razões de queixas para se manifestar, é a dos Paneleiros.
Todas as pessoas conspurcam essa profissão. Utilizam-na pejorativamente como insinuação que o colega pratica o coito anal com homens, ou então usam-na para cumprimentar o transeunte, desde que esse seja amigo.
Será que nunca pensaram que ao dizerem “oh paneleiro anda cá que eu tenho trabalho para ti” estarão a induzir centenas, não, unidades de paneleiros que pensam que estão a ser chamados para uma entrevista de trabalho. Sendo que na realidade essa frase não se destina a eles, mas sim para a pessoa que está ao lado e que nada tem que ver com a profissão.
Já não se fazem panelas como antigamente. Antigamente perguntar “pode dizer onde fica o paneleiro?” teria direito a uma resposta concreta e indicaria a loja onde se fabricariam panelas. Hoje em dia essa pergunta tem apenas uma resposta (e de mau gosto), “Fica mesmo à minha frente”.
No entanto, eu não os vejo a manifestar-se. Aliás quando um amigo meu me disse que viu nas notícias “o maior desfile de paneleiros do mundo” na holanda, os meus olhos brilharam de felicidade, pensava eu que estávamos a falar de panelas. Na realidade ele estava-se a referir a senhores com roupas coloridas e que nada têm que ver com utensílios de cozinha.
Espero ansiosamente que os paneleiros venham para a rua reivindicar mais trabalho e melhores condições para fazer panelas. Afinal se todo o político tem direito ao tacho, porque raio é que ninguém mais faz panelas?

I`ll smell you all later

PS - Odeio-te trem de cozinha da "Ideia Casa"

domingo, 14 de outubro de 2012

Manifesto Agrião só para pessoas



O cozinheiro Henrique Sá pessoa é um “bacano”. Hoje aprendi imenso sobre agrião. E se há pessoa que percebe de agrião, é o Sá Pessoa. Sempre soube que aquilo era azedo e tinha um sabor forte, só não sabia era que isso era uma qualidade. Segundo o Sá, efectivamente, é. Além disso aprendi imenso. Parece que o agrião vem da Ásia e em inglês se chama watercress. Sem falar que existe um filme que tem agrião no nome (The Watercress Girl). E há mais… Maionese de agrião!!! Sabem como se faz maionese de agrião? Apontem crianças! Abrem um frasco de maionese, picam agriões (q.b.), misturam e voillá, maionese de agriões. Para quem acha que isto é demais, esperem só um bocado.
Sabem como se faz uma omeleta de agriões? Esta vai-vos deixar de queixo caído. Batem-se 4 ovos (duas pessoas), põem-se os ovos na frigideira com óleo quente, picam-se os agriões. Agora atenção, esta é a parte difícil, juntam-se os agriões (lavados e picados) à cama de ovos e dobra-se até ficar em forma de “D” e voillá.
Apesar de tudo, algo em mim permanece traumatizado. Mantenho a imagem, petrificada, no meu cérebro, da minha santa mãe a dizer “Come a sopa de agriões até ao fim!”. Foi algo que nunca ultrapassei devidamente. No entanto, o Henrique com o seu tracto fino e música jazz no programa provou-me que o agrião é nosso amigo e serve para fazer pratos, que embora dificílimos de confeccionar, aparentam ser um regalo para os intestinos, sim porque os agriões também ajudam no trânsito intestinal (eles, a Fátima Lopes e a Júlia Pinheiro).
I`ll smell you all later

sábado, 6 de outubro de 2012

Carta aberta


Caras pessoas da empresa Comboios de Portugal, foi ao reparar nos repetitivos cartazes, a anunciar repetitivas greves, que eu me decidi por escrever esta carta. Em especial um chamou-me a atenção, esse cartaz em particular falava do alargamento da greve para os próximos dias, mas o que me chamou a atenção foi o que um cidadão indignado escreveu por cima. Em frente à palavra “greve” ele escreveu reaccionária. Depois, no meio da folha A4 que anunciava os dias da greve, foi escrito a seguinte frase: “A CP faz greve para chamar a atenção dos ricos, mas os pobres é que pagam”.
Ora, eu não subscreveria esta afirmação por completo, afinal os ricos também sofrem com isto. Basta pensar que com a greve, este nicho da população (cerca de 8%) tem pela frente mais engarrafamentos e mais noticias “aborrecidas” sobre esta temática que lhes é alheia. Por outro lado, as pessoas a quem querem fazer chegar esta greve (políticos), têm uma sensibilidade social igual à de um urso pardo que passou duas semanas sem comer. Por esta razão, era de pensar que além da população que utiliza estes transportes, também vocês (que perdem dias de salário) saíssem prejudicados com esta insensibilidade.
No entanto, parece-me que a maior dose de insensibilidade social parte de vocês. Se não vejamos, segundo apurei os trabalhadores da vossa empresa descontam regularmente para o sindicato, o que faz que nestas alturas os dias de trabalho “gazeteiros” sejam cobertos pelo fundo do sindicato. Sendo assim, vocês gozam os dias de férias que o governo tira ao resto da função pública.
Poderemos agora falar nas vossas razões, que as hão de ter e, possivelmente, escritas em acta. O problema aqui é que ter razões numa empresa mal gerida há tantos anos e que, encabeça a lista de empresas públicas que dão maiores prejuízos ao país, é algo pouco sensato. Principalmente na maneira como procuraram chamar a atenção para essas razões. A verdade é que a greve não vai fazer a empresa lucrar mais e, pior que isso, compramos títulos de transporte mensais, não podendo usufruir da qualidade e pontualidade do transporte.
“Deixe o carro em casa e venha de comboio”, parece-me uma frase bonita, colada em muitos dos vossos transportes. Torna-se algo ridícula em alturas destas não acham?
Obviamente, não vos tiro o direito à greve, só acho que um pouco de sensatez cai bem em qualquer cabeça. Como os meus pais me ensinaram “A nossa liberdade acabam onde começa a liberdade dos outros”. Isto significa que talvez haja outras maneiras mais eficazes de serem ouvidos sem provocarem este caos nas classes que nada podem fazer para vos ajudar. Não me parece que prejudicando os estudantes universitários, idosos que se deslocam a consultas médicas, ou trabalhadores da mesma função pública que vos acolhe, se vão fazer ouvir e resolver os vossos problemas.
Compreendo a insatisfação com o corte nas remunerações, o alargamento do período de trabalho e a falta de pagamento das horas extraordinárias. Porém, se reagíssemos todos como vocês, e muita gente se queixa do mesmo, o país parava.
Quando um país se sente tão à beira do precipício, o melhor é puxá-lo para cá e não desequilibrá-lo ainda mais.
Sem mais de momento,
N.P.