“O
sucesso para o país é melhorar a economia”. Ora, o sucesso para mim é o aumento
da minha conta bancária. Estas premissas têm o facto de serem efectivamente
verdade, mas vazias em termos de conteúdo. Dinheiro gera dinheiro, e falta de
dinheiro gera a minha conta bancária. Não há soluções milagrosas. “Aumentar
ordenados e pensões, melhorar a economia, pedir para alargar o prazo de
pagamento dos empréstimos.”. Pois, eu amanhã chego ao banco e digo assim “Queria
dinheiro para um carro e para a gasolina, como garantia de pagamento dou a
minha bicicleta e durmo com a gerente alemã feia do banco. Parece fácil, mas
altamente improvável. Quando somos formigas, por mais fortes que sejamos, não
conseguimos matar um porco. Quem manda dispões e hoje em dia pouco mandamos.
Entretanto,
chegam as campanhas eleitorais (que novamente começam com um ano de
antecedência). Esta é a época em que os partidos se financiam para lançar pós
de fada aos eleitores e para tapar buracos com fita-cola. É a época em que
parece que a classe política vive num país diferente da outra classe, é a
altura dos clichés, “Vamos juntos dar um novo rumo ao país”. Novo rumo? Marcha
atrás ou andar em contra-mão?
Ninguém
se esforça em ver para trás do floreado da retórica e a retórica não se
preocupa em falar de forma clara ao povo. A desvantagem de sermos nativos de
uma das linguas mais ricas do mundo, é que é também aquela com maior
possibilidade de eufemismos. Vou tentar fazer a tradução de algumas expressões
(seria importante que durante as campanhas eleitorais, houvesse legendagem na
televisão).
“Vivemos
numa época de dificuldades, mas juntos vamos conseguir” = Estamos na merda, mas
com o aumento dos impostos, e a criação de outros tantos novos, vamos tentar pagar
o que devemos.
“Precisamos
de um novo rumo” = Não mandamos em Portugal e para cumprir as metas temos de
fazer as mesmas coisas, mas vai ser surpresa.
“Temos
de melhorar a economia e acabar com a austeridade” = Tenho mais 5 minutos de
discurso, tenho de utilizar frases feitas que colem.
Enfim.
Segundo Miguel esteves Cardoso, “O amor é fodido”, pois ser português também.
I`ll
smell you all later