Vivemos numa altura em que a greve parece ter pegado moda. Todas
as pessoas de (quase) todas as profissões saem à rua para reivindicar os seus
direitos. Aparentemente todas têm razão de queixa, desde médicos a camionistas,
passando por taxistas e farmacêuticos.
Porém, irrita-me ver profissões a serem secundarizadas. Se
há profissão que ao longo dos anos tem sofrido estigmas e tem razões de queixas
para se manifestar, é a dos Paneleiros.
Todas as pessoas conspurcam essa profissão. Utilizam-na pejorativamente
como insinuação que o colega pratica o coito anal com homens, ou então usam-na
para cumprimentar o transeunte, desde que esse seja amigo.
Será que nunca pensaram que ao dizerem “oh paneleiro anda cá
que eu tenho trabalho para ti” estarão a induzir centenas, não, unidades de
paneleiros que pensam que estão a ser chamados para uma entrevista de trabalho.
Sendo que na realidade essa frase não se destina a eles, mas sim para a pessoa
que está ao lado e que nada tem que ver com a profissão.
Já não se fazem panelas como antigamente. Antigamente
perguntar “pode dizer onde fica o paneleiro?” teria direito a uma resposta
concreta e indicaria a loja onde se fabricariam panelas. Hoje em dia essa
pergunta tem apenas uma resposta (e de mau gosto), “Fica mesmo à minha frente”.
No entanto, eu não os vejo a manifestar-se. Aliás quando um
amigo meu me disse que viu nas notícias “o maior desfile de paneleiros do mundo”
na holanda, os meus olhos brilharam de felicidade, pensava eu que estávamos a
falar de panelas. Na realidade ele estava-se a referir a senhores com roupas
coloridas e que nada têm que ver com utensílios de cozinha.
Espero ansiosamente que os paneleiros venham para a rua
reivindicar mais trabalho e melhores condições para fazer panelas. Afinal se
todo o político tem direito ao tacho, porque raio é que ninguém mais faz
panelas?
I`ll smell
you all later
PS - Odeio-te trem de cozinha da "Ideia Casa"