segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Eu estou-te a ver


Orwell descreveu no seu livro “1984” o que seria um sociedade repleta de câmaras, onde todos pudéssemos ver o que outros estariam a fazer. O que naquela altura surgia como profecia da evolução dos tempos, torna-se hoje um dado adquirido. Meus amigos, nós estamos a ser escutados e vistos a quase toda a hora.
Eu passo a explicar. Numa semana onde estreou um novo reality show ao estilo Big Brother, não pensem que eles são os únicos observados. Pelo menos eles podem receber por isso.
Escutas telefónicas, câmaras de vigilância em todos os lados, até as nossas mensagens são sujeitas a um “filtro” e no caso de conterem palavras “perigosas”, podem ser coscuvilhadas.
Por isso aqueles “coitados” da TVI, não são coitados coisa nenhuma. Retardados? Talvez. Mas com certeza vão tirar o proveito que procuram, a tão almejada fama.
Sem querer entrar em críticas, pois muitas vezes aqueles que criticam são os que mais consomem esse género de conteúdos, acho que programas deste “calibre” são uma amplificação do que existe no nosso dia-a-dia. Afinal de contas, tudo se vê, tudo se sabe, tudo se ouve.
Assustador? Sim, muito.
O mais arrepiante são as audiências de tal género de concurso. Isso significa que nós somos os arquitectos da sociedade que temos. Se corroboramos comum programa assim, então temos de aceitar o que existe à nossa volta.
Nós espiamos a vida dos outros na esperança que a nossa faça sentido. Procuramos a desgraça alheia, para podermos relativizar a nossa. Gostamos de ver pessoas a “cair” , porque nós nem tentamos andar.
Olhar para a vida dos outros faz-nos muitas vezes sentir melhores, mas não melhora a nossa vida, apenas a tapa.
Por todas estas razões, não sou hipócrita ao ponto de “bombardear” este género de conteúdos, porque o conteúdo existe conforme a procura. A verdade é que até nós decidirmos que este tipo de coisas já não fazem sentido, elas vão continuar a saturar a nossa vista, vão cansar-nos (ou não) e apenas nós temos poder para dizer “basta”, ou continuar.
A escolha é vossa!

I`ll smell you all later

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