domingo, 25 de abril de 2010

Ary


Olá meus amigos. Começo este post por vos revelar os meus poetas portugueses preferidos do século XX. São eles, David Mourão Ferreira (O lamechas), Fernando Pessoa (O esquizofrénico) e Ary dos Santos (O intervencionista). Por hoje, vou-me limitar a falar do Ary.
Meu deus! Lá escrever ele escrevia. Que espadas aguçadas ele empunhava contra os malfeitores da altura. Usava as palavras como armas, de uma forma que mais ninguém sabia. Camuflava as balas (enfim, e o pessoal da PIDE não era muito esperto, o que tornava a missão dele bem mais fácil), além disso era um autor. Escreveu para a Simone de Oliveira, para a Amália, para o Fernando Tordo (a música Tourada é um verdadeiro hino contra a opressão do regime que vigorava em Portugal).

Ele era um lutador, não se vergava a ninguém e as suas palavras ficaram para sempre.

Actualmente existe um grupo de meninas (Rua da Saudade é o nome do grupo) que o homenageiam, recriando músicas por ele tão bem escritas.
E como é bom relembrar quem tanto fez por este pais. Não é só com força bruta que se faz revoluções, as palavras também revolucionam.

Deixo-vos agora com o meu poema preferido dele.


O Cacilheiro
Ary Dos Santos

Lá vai no Mar da Palha o Cacilheiro,
comboio de Lisboa sobre a água:
Cacilhas e Seixal, Montijo mais Barreiro.
Pouco Tejo, pouco Tejo e muita mágoa.

Na Ponte passam carros e turistas
iguais a todos que há no mundo inteiro,
mas, embora mais caras, a Ponte não tem vistas
como as dos peitoris do Cacilheiro.

Leva namorados, marujos,
soldados e trabalhadores,
e parte dum cais
que cheira a jornais,
morangos e flores.
Regressa contente,
levou muita gente
e nunca se cansa.
Parece um barquinho
lançado no Tejo
por uma criança.

Num carreirinho aberto pela espuma,
la vai o Cacilheiro, Tejo à solta,
e as ruas de Lisboa, sem ter pressa nenhuma,
tiraram um bilhete de ida e volta.

Alfama, Madragoa, Bairro Alto,
tu cá-tu lá num barco de brincar.
Metade de Lisboa à espera do asfalto,
e já meia saudade a navegar.

Leva namorados, marujos,
soldados e trabalhadores,
e parte dum cais
que cheira a jornais,
morangos e flores.
Regressa contente,
levou muita gente
e nunca se cansa.
Parece um barquinho
lançado no Tejo
por uma criança.

Se um dia o Cacilheiro for embora,
fica mais triste o coração da água,
e o povo de Lisboa dirá, como quem chora,
pouco Tejo, pouco Tejo e muita má


Não gosto de ver o cacilheiro partir... Deixa sempre saudade. Bem, mas como ele retorna, eu lá me aguento. Anyway, O senhor Ary era o maior da aldeia!

I`ll smell you all later

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